MÚSICA: CANTANDO UM CÂNTICO NOVO
Formação Litúrgica em Mutirão
CNBB - rede celebra - revista de liturgia
Ficha 12
Joaquim Fonseca, OFM
A liturgista Ione Buyst no livro: O mistério celebrado: memória e compromisso I, Edi-toras Siquem/Paulinas, 2002, p. 142-148 -, nos dá uma importante introdução sobre a música na liturgia. Com muito prazer, transcrevo aqui seus primeiros parágrafos:
"Grande parte da participação na liturgia é assegurada pela música, pelo menos nos domingos e dias festivos. A música atrai, facilita a participação; porém, pode causar também enormes estragos espirituais se não for bem compreendida a relação entre música e liturgia. De fato, o que vemos é que a liturgia tornou-se "palco" para as "criatividade" de muita gente, sem que se leve em conta a natureza da liturgia. E, assim, em vez de se tornar uma aliada, acaba impedindo a verdadeira participação.
Por isso, é preciso ter clareza sobre alguns pontos básicos: o que caracteriza a música litúrgica? Qual é afinal sua função e seu objetivo? Em que momentos cabe uma música? Qualquer tipo de música serve? Quem deve cantar? Qual é o papel do instrumentos musicais e sua relação com a voz? Quais são os critérios que devemos usar na hora de escolher ou com-por uma música para a liturgia?
Música. Música religiosa, música sacra, música ritual
A música parece ser um dado universal: faz parte da vida de toda pessoa humana. Será que alguém consegue viver sem nenhuma expressão musical? Todos os povos têm sua músi-ca, expressando seu jeito de ser, sua cultura...
Há vários tipos de música, conforme a finalidade a que se destina: música ambiente, música para relaxamento, para acompanhar o trabalho, para brincadeira de crianças, cantigas de ninar, música para tirar leite de vaca, para estimular as compras no supermercado, para marchar, dançar, etc.
Há música que expressa a relação do indivíduo ou de um grupo de pessoas com o transcendente: é música considerada religiosa, ou música sacra. Temos um grande acervo de música religiosa popular e também de música sacra erudita, tanto no continente latino-americano como no europeu. Nos últimos anos tem havido uma procura e oferta de muitos tipos de música para meditação.
Entre as músicas religiosas, podemos distinguir a música ritual, presente em todas as religiões. É um tipo de música que acompanha as ações sagradas e é considerada parte inte-grante delas, tendo a mesma eficácia e o mesmo objetivo.
Música litúrgica, música ritual
Nas últimas décadas, houve um esforço de renovação da música usada na liturgia cris-tã, no sentido de não mais nos contentar com qualquer música sacra ou religiosa, nem mesmo de teor catequético, evangelizador ou conscientizador. Houve (e está havendo) um esforço de redescobrir e valorizar a música ritual, no caso, uma música ritual para a liturgia cristã. Trata-se de não mais cantar na liturgia (qualquer coisa..., ainda que bonito ou edificante), mas cantar a própria liturgia (os próprios textos rituais musicados, ou os próprios ritos acompa-nhados de música, levando em conta a natureza da liturgia e de cada momento ritual). Daí surge a necessidade de conhecermos profundamente a liturgia, e a função ritual de cada canto ou peça musical".
Perguntas para a reflexão pessoal e em grupos:
- O que mais chamou a sua atenção no texto acima?
Destaque duas idéias que você acha como sendo as principais.
- O que significa a expressão "cantar a liturgia" e "cantar na liturgia".
Qual é a mais importante?
Fonte: CNBB - www.cnbb.org.br