Reunidos, de que maneira fazemos memória de Jesus? Em primeiro lugar ouvimos e interpretamos os textos bíblicos, a partir de nossa realidade. A experiência ensina que quanto maior for a participação de todos e todas na partilha da palavra, maior será a chance de a palavra produzir fruto no coração e na vida de cada participante.

Não se trata de uma atividade intelectual apenas. É Cristo que fala quando se lêem as sagradas escrituras na comunidade reunida[2]. Por isso, devemos receber essa palavra como vinda de Alguém que nos quer bem e a quem queremos bem. É palavra de coração a coração!

Afinal, onde deve nos levar a leitura dos textos bíblicos e sua interpretação? Em primeiro lugar, Deus quer revelar-se a nós, através do conhecimento de seu Filho Jesus Cristo, no Espírito Santo. “Ignorar as Escrituras, é ignorar o Cristo” dizia São Jerônimo. Por isso, a leitura se faz em profundo clima de humildade e gratidão, pois “Ninguém conhece quem é o Filho a não ser o Pai, e quem é o Pai a não ser o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Lc 10,22). Mas este conhecimento nos leva a nos conhecer melhor a nós mesmos e à tarefa que Deus nos reservou de continuar a missão messiânica de Jesus, de contribuir na transformação pascal das pessoas e de toda a realidade, no seguimento de Jesus Cristo. Por isso, procuramos, numa profunda atitude de escuta, discernir os acontecimentos, à luz de nossa fé em Cristo, o Crucificado-Ressuscitado. Procuramos ouvir atentamente a palavra viva que o Senhor nos confia hoje, dentro da realidade de nossa vida pessoal e social e o apelo de mudança que nos dirige. E o próprio Espírito, que nos ajuda como entender os acontecimentos da vida pessoal e social à luz da fé, suscita também em cada participante uma resposta ao Senhor.

A liturgia da palavra torna-se assim um momento privilegiado do diálogo da Aliança entre Deus e o seu povo, a serviço da salvação de toda a humanidade, de toda a realidade criada. É anúncio da salvação universal! E nós estamos sendo convocados para ajudar nessa tarefa. A leitura individual da bíblia é um precioso complemento da leitura litúrgica em comunidade, mas jamais poderá se tornar seu substituto.

Perguntas para a reflexão pessoal e em grupos:

1. De que maneira Deus fala na comunidade reunida para celebrar?
2. De que Deus nos fala? Por que?
3. A liturgia da Palavra em nossa comunidade está sendo, de fato, um diálogo do Senhor com o seu povo?
4. Ela nos leva a mudar de vida e a assumir nossa missão como cristãos? Sim? Não? Por que?